A realização do sétimo Festival Internacional de Cinema de Brasília foi como uma corrida de obstáculos. E cá estamos na reta de chegada, prontos para propor ao público um conjunto de filmes de variados cantos do mundo, muito diferentes entre si, mas surpreendentes por suas visões pontiagudas da realidade ou por suas conexões inesperadas. Quem poderia imaginar, por exemplo, que “Blue Girl”, do Curdistão, pudesse trazer uma forte conexão com o Brasil, por meio do futebol? “Corpus Christi” (Polônia) foi a grande surpresa na lista de indicados ao Oscar de melhor filme internacional; “Hálito Azul” (Portugal) revela o cotidiano de uma comunidade de pescadores da ilha de São Miguel, nos Açores; “Me leve para um lugar legal” (Bósnia) narra a viagem de descoberta de uma jovem holandesa que vai conhecer o pai na Bósnia;  “The French Teacher” acompanha a transformação de uma mulher a partir do momento em que ela se relaciona com um homem mais jovem; e “Mapa de Sonhos Latinoamericanos” apresenta um vasto painel dos rostos, culturas e problemas da América Latina. Do Brasil, dois exemplos da grande diversidade da produção nacional. A crise política que abalou o país a partir de 2016 é vista pelos olhos dos moradores do bairro do Encantado, no Rio de Janeiro, em “Desencanto”, enquanto “Fendas” propõe um mergulho estético na mente de uma cientista. Filmes que permitem novos horizontes, num momento em que nossos horizontes estão temporariamente limitados.

The execution of the seventh International Film Festival in Brasília was like a steeplechase. And here we are on the finish line, ready to present to the public a set of films from various corners of the world, very different from each other, but surprising for their sharp visions of reality or for their unexpected connections. Who could imagine, for example, that "Blue Girl", from Kurdistan, could bring a strong connection with Brazil, through football? “Corpus Christi” (Poland) was the big surprise on the list of Oscar nominees for best international film; “Blue Breath” (Portugal) reveals the daily life of a fishing community on the island of São Miguel, in the Azores; “Take Me Somewhere Nice” (Bosnia) chronicles the discovery journey of a young Dutch woman who will meet her father in Bosnia; “The French Teacher” accompanies the transformation of a woman after the moment she starts a relationship with a younger man; and “Mapa de Sueños Latino Americanos” presents a vast panel of Latin American faces, cultures and problems. From Brazil, two examples of the great diversity of national production. The political crisis that shook the country since 2016 is seen through the eyes of the residents of the Encantado neighborhood, in Rio de Janeiro, in “Desencanto”, while “Slits” proposes an aesthetic plunge into the mind of a scientist. Films that allow us to discover new horizons, at a time when ours are temporarily limited.